Pfaff, herói de uma grande geração
Para mim, foi o grande goleiro que vi jogar. Foi a segunda e a melhor copa do mundo que assisti, 82 e ficou marcado em minha memória, me lembro de quando pequeno, ou até mesmo adolescente, me aventurava a ser goleiro em algumas peladas, no campinho de grama que havia atrás da casa onde morava em Boituva, ou em qualquer espaço de construção que houvesse um banco de areia.
Após uma ou outra defesa, explanava " Defendeeeeeeeeeeu Pfaf!
Após uma ou outra defesa, explanava " Defendeeeeeeeeeeu Pfaf!
Vinte anos depois de ter abandonado os gramados, Jean-Marie Pfaff continua sendo um ídolo na Bélgica. O goleiro que disputou a semifinal da Copa do Mundo da FIFA em 1986 conversou com o FIFA.com sobre a sua trajetória vitoriosa debaixo das traves, a nova carreira como astro da televisão e as funções de embaixador da candidatura belgo-holandesa ao Mundial de 2018.
"O meu único arrependimento é o de ter pendurado as chuteiras cedo demais", diz ele, com uma ponta de amargura. "O futebol é um esporte difícil, mas de uma beleza enorme." Durante 17 anos, o guarda-metas exibiu dentro de campo a mesma personalidade carismática que conquistou admiradores desde que ele se afastou do esporte bretão. Apaixonado, firme, imprevisível, espontâneo e extrovertido, Pfaff era um desses goleiros inconfundíveis — um espetáculo por si só. Aliás, não é por acaso que há alguns anos ele se tornou o herói de um reality show na Bélgica.
Pfaff foi eleito o melhor arqueiro do planeta em 1987 e disputou 64 jogos com a seleção belga. Em 2004, foi incluído por Pelé na lista dos 125 melhores jogadores de todos os tempos ainda vivos. "Espero que as minhas atuações tenham feito algo de bom pelas pessoas, em especial pelos goleiros", afirma. O ex-atleta continua sendo uma figura popular no mundo do futebol, o que comprova a força do seu legado. "Gosto de estar em contato com o público e de compartilhar o meu entusiasmo. Nunca vou mudar."
Momentos inesquecíveis
"O goleiro tem um papel à parte na equipe", explica o tricampeão da Alemanha com o Bayern de Munique, onde passou seis anos memoráveis entre 1982 e 1988. "Nem todo mundo nasceu para ver uma porção de caras surgir na sua frente enquanto está um pouco perdido no meio de traves tão grandes. A passagem do pequeno Beveren, onde fui formado, para o grande Bayern, um gigante da Europa, continua sendo uma das minhas melhores lembranças. Descobri outro mundo e adquiri outra dimensão."
"O goleiro tem um papel à parte na equipe", explica o tricampeão da Alemanha com o Bayern de Munique, onde passou seis anos memoráveis entre 1982 e 1988. "Nem todo mundo nasceu para ver uma porção de caras surgir na sua frente enquanto está um pouco perdido no meio de traves tão grandes. A passagem do pequeno Beveren, onde fui formado, para o grande Bayern, um gigante da Europa, continua sendo uma das minhas melhores lembranças. Descobri outro mundo e adquiri outra dimensão."
Com o clube alemão, Pfaff conquistou três títulos da Bundesliga e duas Copas da Alemanha. Antes disso, em 1980, chegou à final da Eurocopa com a camisa da Bélgica, perdendo para a Alemanha Ocidental por 2 a 1. "Foi o máximo. Esses troféus e essas alegrias ficarão gravados para sempre na minha memória."
A consagração de 1987, ano em que o prêmio de melhor goleiro do mundo foi criado, é evocada espontaneamente pelo belga ao compartilhar com o FIFA.com os triunfos do passado. "Esse prêmio foi uma recompensa inacreditável e um reconhecimento fantástico", comenta Pfaff, antes de rememorar os tempos de seleção.
Com o arqueiro, o selecionado belga viveu a melhor fase da sua história. "A minha primeira grande memória é a Copa do Mundo de 1982 na Espanha e a famosa partida de abertura contra a Argentina do meu amigo Diego Maradona", conta. "Sob os olhares do mundo inteiro, e em um momento em que todos duvidavam das nossas chances diante dos então campeões do mundo, vencemos por 1 a 0 graças a um conjunto notável e a um gol de Erwin Vandenbergh."
Quatro anos mais tarde, a Bélgica fez história no México. "Em 1986 chegamos à semifinal do Mundial, algo fantástico para uma nação pequena como a nossa", relembra Pfaff. "Tivemos uma noção exata da nossa façanha quando voltamos ao país. Uma multidão imensa nos esperava no aeroporto. Fomos escoltados em carro aberto até o centro de Bruxelas, onde fomos saudados por um mar de gente vestindo preto, vermelho e amarelo. Acho que assinei um autográfo no peito de uma mulher que estava simplesmente eufórica, como todos nós", diz o melhor jogador em campo nas oitavas de final contra a União Soviética. "Tínhamos um único objetivo comum: chegar o mais longe possível na competição para fazer história na Copa do Mundo", explica ao ser perguntado sobre o segredo da excepcional geração de futebolistas belgas.
Na atualidade
Depois da passagem brilhante pela Alemanha, Pfaff voltou ao seu país para disputar uma temporada modesta no Lierse antes de aposentar as luvas no Trabzonspor da Turquia. Em seguida, passou a se dedicar à carreira de treinador. No entanto, a experiência ruim como técnico do clube onde deu os primeiros passos, o Beveren, fez com que ele optasse por se afastar definitivamente das atividades ligadas ao futebol.
Depois da passagem brilhante pela Alemanha, Pfaff voltou ao seu país para disputar uma temporada modesta no Lierse antes de aposentar as luvas no Trabzonspor da Turquia. Em seguida, passou a se dedicar à carreira de treinador. No entanto, a experiência ruim como técnico do clube onde deu os primeiros passos, o Beveren, fez com que ele optasse por se afastar definitivamente das atividades ligadas ao futebol.
Mas esse afastamento diz respeito apenas ao cotidiano nos gramados: o ex-goleiro recebeu o FIFA.com na qualidade de embaixador da candidatura da Bélgica/Holanda à Copa do Mundo da FIFA 2018. "Tenho plena consciência da importância dessa função", afirma Pfaff. "Não se trata unicamente do esporte, mas de um verdadeiro projeto de sociedade para os dois países. Eu consideraria um coroamento a vitória do nosso projeto."
Além de cumprir essa ilustre responsabilidade, Pfaff não tem tempo para se entediar na nova vida. "Regularmente faço palestras para empresas sobre o tema esporte e negócios e atendo de bom grado a convites para participar de eventos, inaugurações e outras manifestações públicas e privadas. E faz dez anos que eu e a minha família somos acompanhados pelas câmeras de um programa muito popular na televisão belga." E faz quase três décadas que os aficionados por futebol não se esquecem das belas defesas de Pfaff.
Jean-Marie Pfaff
Posição: Goleiro
Clubes: KSK Beveren (1973-1982), Bayern de Munique (1982-1988), Lierse SK (1988-1989), Trabzonspor (1989-1990)
Clubes: KSK Beveren (1973-1982), Bayern de Munique (1982-1988), Lierse SK (1988-1989), Trabzonspor (1989-1990)
Jogos pela seleção: 64
Títulos: 1 Campeonato Belga (1979); 3 Campeonatos Alemães (1985, 1986, 1987); 1 Copa da Bélgica (1978); 2 Copas da Alemanha (1984, 1986); semifinalista da Copa do Mundo da FIFA México 1986; finalista da Euro 1980; eleito melhor goleiro do mundo (1987); eleito melhor goleiro europeu (1983, 1987), Chuteira de Ouro (1978)
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